Por que Sagarana?

Lá em cima daquela serra,
passa boi, passa boiada,
passa gente ruim e boa,
passa minha namorada

Epígrafe de Sagarana

Muita gente nos pergunta: o que é Sagarana? Por que Sagarana? De onde veio esse nome?

Responder a essas perguntas é também contar um pouco sobre quem somos. E no dia que marca a inauguração do nosso site, nada melhor do que falar sobre a nossa história.

Sagarana é o título de um livro de contos de João Guimarães Rosa, publicado em 1946, seu livro de estreia. E o que isso tem a ver com nossa história? Simplesmente tudo!

A palavra sagarana é um neologismo, a junção de duas palavras originárias de dois diferentes povos e culturas. “Saga” é um termo de origem germânica para definir as narrativas históricas, épicas, os cantos heroicos. Enquanto “rana”, de origem indígena, mais precisamente tupi, significa semelhante a, à maneira de.

Ou seja, sagarana é um termo criado por Guimarães Rosa para expressar a ideia de uma história que se parece com uma saga – mas não é.

E aí está a nossa primeira ligação com o nome. Tanto pelo fato de ser um neologismo quanto pelo significado do termo, identificamo-nos com a questão do uso da língua, a construção de uma linguagem própria, e, principalmente, com o fato de querermos publicar grandes histórias, narrativas genuinamente brasileiras — ou criativamente brasileiras. E quem sabe até que se assemelhem a sagas!

Brasileirice

Guimarães Rosa é considerado um dos maiores representantes do regionalismo na literatura. Em Sagarana, todos os nove contos narram situações típicas do sertão de Minas Gerais, é o resgate de sua cultura, linguagem, paisagens, tradições e dilemas.

Seja na primeira ou na terceira pessoa, todas as histórias são narradas com base na oralidade, como se fosse um “contador de casos”. Os personagens são animais, crianças, homens simples e rudes e até bêbados e loucos. Assim, muitas vezes a narrativa beira ao fantástico, mas o estilo narrativo do autor consegue tornar verossímeis situações irreais.

Porém é preciso cuidado para não retratá-lo como um regionalista. Porque apesar de representar bem o sertanejo mineiro, as situações vivenciadas pelos personagens são universais. Rosa consegue misturar o caráter lendário e místico das sagas com a vida simples do sertanejo. Assim, retrata animais como se fossem seres humanos, expõe profundas análises sobre a alma humana e a existência do ser humano, as relações sociais, o amor e a morte.

E essa é nossa segunda ligação com o nome. Somos uma editora que valoriza o escritor brasileiro e queremos espalhar nossa brasileirice pelo mundo. Enaltecemos nossas raízes e oferecemos aos brasileiros que estão distantes a oportunidade de uma leitura autenticamente nacional.

O autor

João Guimarães Rosa nasceu em 27 de junho de 1908, em Cordisburgo, interior de Minas Gerais.

Formado em medicina pela Universidade de Minas Gerais, atendia a pacientes pelo interior mineiro, sempre acompanhado de um caderno onde anotava espécies de animais e plantas, expressões e palavras locais. Poliglota, também era um grande estudioso de diferentes línguas e culturas.

Estreou na literatura em 1929, ao publicar um conto na revista O Cruzeiro. Mas só em 1946 publicou seu primeiro livro, Sagarana, uma seleção de nove contos que já lhe rendeu lugar de destaque na literatura brasileira.

Em 1934, ingressou na carreira diplomática e representou o Brasil em diversos países, como Alemanha, Colômbia e França.

Em 1963, foi eleito, por unanimidade, para a cadeira nº 2 da Academia Brasileira de Letras.

Faleceu em 19 de novembro de 1967.

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